terça-feira, 15 de maio de 2012

"não há língua portuguesa, há línguas em português"


         Quem viaja o mundo já deve ter reparado que quando se conhece um determinado idioma, é possível distinguir os sotaques de acordo com cada região. Só no Brasil, cada região fala de uma forma distinta. É só a pessoa falar alguma palavra que já conseguimos saber de onde ela vem. E nosso idioma é incrível, pois o português é o mesmo, mas a maneira com que pronunciamos certas palavras é diferente. Esse é o charme das diferentes culturas. Cada palavra que aparece deriva em uma nova forma de se expressar.


       Contudo, não é só em nosso país que se pode notar a diferença dos acentos, dos sotaques e do significado de uma palavra em certos lugares. A língua portuguesa é o idioma oficial em oito países – Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste – e em pequenos grupos, como Zanzibar (África), Macau (China), Goa (Índia) e Málaca (Malásia) – somos mais ou menos 250 milhões de lusófonos – o que faz do português a 6ª língua mais falada no planeta (atrás do Mandarim, Inglês, Hindi, Espanhol e Árabe).

       A diferença mais evidente na questão idiomática é o sotaque, já que, no caso do português está pautada à pronúncia mais aberta em algumas vogais pelos portugueses e pelos africanos. Por exemplo, no Brasil, a palavra tênis é com o “E” fechado e, em Portugal, é aberto. As diferenças também se ampliam à hábito vocabular. A palavra “abacaxi” é empregada no Brasil e na Angola. Já em Portugal, é chamada de “ananás” – que deriva do árabe – herança da Conquista moura. Nos países lusófonos da África, a língua portuguesa se combina com os dialetos regionais, provocando grandes variações. Na Angola, se fala a o mesmo idioma que nós, brasileiros, porém a estrutura é mais semelhante com a dos portugueses e o sotaque é mais "cantado" e "anasalado". Nestes países a força se dá nas consoantes. Já no nosso país, as vogais são desenroladas com mais vigor, como o “R” pronunciado no Rio Grande do Sul. Há também, os casos no Brasil de palavras que significam algo em uma determinada região e em outra, algo totalmente diferente. 


     No que diz respeito à escrita, com a reforma ortográfica, a maioria dos vocábulos ganhou uma padronização no Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Assim, muitas palavras perderam o acento, como plateia, jiboia, ideia, asteroide e etc. Entretanto, a expressão verbal é diferente e depende de cada grupo. Por isso, frequentemente, temos problema em entender a pronúncia de alguns países que falam, também, o português.

       Essa é a fascinação da linguagem. Imprime toda a cultura e conhecimento de cada grupo. E é através disso que podemos apreciar um pouco de outras sociedades que se conectam pelo mesmo idioma.

        E como já dizia Saramago: "não há língua portuguesa, há línguas em português".


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