quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um "Conto chinês": belo e engraçado


Dirigido e roteirizado por Sebastián Borensztein, "Um conto chinês" é mais um ótimo filme de nossos hermanos argentinos que está em cartaz há mais de três meses em Porto Alegre, sendo o filme recordista de dias em exibição na capital gaúcha. Ricardo Darín, o grande nome do cinema latino atualmente, leva o público mais uma vez a aplaudi-lo pelo show de representação. A película é uma comédia leve e com conteúdo - como a maioria dos filmes argentinos, já que seus cineastas possuem um certo dom de fazer de assuntos cotidianos, grandes filmes. O protagonista, por exemplo, não dá um sorrido durante o filme todo e mesmo assim é um personagem extremamente atraente aos olhos do público.



O filme conta a história inusitada ocorrida na vida de um veterano da Guerra das Malvinas (ou Falklands) vivido por Darín - este é um homem de meia idade, sozinho, cheio de manias e ranzinza que é proprietário de uma ferragem em Buenos Aires. Sua vida é transformada no dia em que conhece o jovem chinês Jun (Ignacio Huang), que chega a cidade para encontrar um tio ( Jun decide ir a Argentina devido a um trágico ocorrido na China em que sua namorada falece após atingida por acaso por uma vaca que cai do céu, na hora em que o jovem iria pedir sua mão em casamento). Roberto (Darín) com pena do chinês ( Jun tem uma tatuagem no braço com o endereço do tio em Bs As), já que este foi roubado e jogado de um táxi  logo depois de chegar a Buenos Aires, decide levá-lo para a Embaixada para ajudá-lo a encontrar o tal tio ( aqui, nota-se que a burocracia está em todo mundo). Todavia, os planos não dão certo e Roberto leva-o até o endereço tatuado. Ao chegar na casa, o tio não reside mais lá e o dono atual da residência não tem nenhum contato do antigo proprietário. Sem ter para onde ir, Jun fica na casa de Roberto. A partir daí a história ganha um tom cômico e trágico, já que os dois não conseguem se comunicar : um só fala chinês e o outro somente espanhol. Porém, os dois fazem um trato: o rapaz tem 7 dias para encontrar o tal tio e ir embora. Até lá, ele começa a ajudá-lo em alguns afazeres domésticos e faz amizade com um "affair" de Roberto, Mari, estrelada por Muriel Santa Ana. 


 Ao longo do filme, o público começa a conhecer a vida de Roberto e seu hobbie por recortar reportagens bizarras de jornais de diversas regiões que um amigo o traz semanalmente e guardar em uma pasta. No desenrolar, vamos nos deparando com as diferenças culturais entre os dois personagens principais e um final que o público não prevê. 

"Um conto chinês" vale conferir por sua simplicidade, pela originalidade da história - baseada em fatos reais ( aliás a verdadeira história é relatada nos créditos finais), pela perfeita costura que é dada a trama e pelo carisma de Ignacio Huang e por Darín, sem dúvidas. Viva o cinema argentino!


Titulo Original: Un Cuento Chino
Gênero: Comédia e Drama
Duração: 93 min.
Origem: Argentina e Espanha
Estreia: 02 de Setembro de 2011
Estreia em DVD: 13 de Dezembro de 2011
Direção: Sebastián Borensztein
Roteiro: Sebastián Borensztein
Distribuidora: Paris Filmes
Censura: 14 anos
Ano: 2011
Elenco
Ricardo Darín
Muriel Santa Ana
Ignacio Huang
Javier Pinto
Julia Castelló Agulló
Enric Cambray



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

"A Separação": Ode ao cinema do Oriente

Desde o ano passado não assistia um filme tão intenso quanto " A Separação", película iraniana dirigida pelo ótimo Asghar Farhadi (de "Procurando Elly"). "A Separação", o primeiro filme na História do Festival de Berlin a ganhar os 3 principais prêmios e que já tem no currículo mais de 20 premiações ao redor do mundo.


Como quase todos os filmes do Irã, o de Asghar é mais um de uma safra de ótimos filmes que mostram histórias comuns que ocorreriam em qualquer parte do mundo, porém com uma pitada que poucos conseguem acrescentar na receita da sétima arte. A trama gira em torno da família de Nader (Peyman Moadi) e sua mulher, Simin (Leila Hatami) que pede a separação, pois este não aceita ir com ela e a filha do casal, Termeh (Sarina Farhadi - filha de Asghar Farhadi), para o exterior. Nader não tem com quem deixar seu pai, vivido pelo ator Ali-Asghar Shahbazi, que sofre de Alzheimer. Simin, então deixa a casa e retorna a casa dos pais. A filha do casal fica com o pai e o avô. No desenrolar, pois não tem quem cuide de seu pai, Nader decide contratar Razieh (Sareh Bayat)- que "oculta" sua gravidez do patrão e o novo trabalho ao seu marido (Shahab Hosseini). A partir daí, inicia-se uma história onde, em muitas vezes, o espectador se pergunta em que lado a verdade está.




Com personagens densos e com personalidades fortes, o diretor nos apresenta um dos melhores filmes já feitos nos últimos anos. O "ocultismo" político, social e de gênero fica evidente aos olhos daqueles que presenciam nos noticiários o que acontece no Irã contemporâneo de Mahmoud Ahmadinejad. "A Separação" é um filme que deve ser visto e revisto, não somente por se tratar de uma obra-prima, mas, sem dúvida, para deparar-se com assuntos de um país tão estigmatizado por seus costumes.


Além da história intrigante, a performance do elenco é arrebatadora. Já nos primeiros diálogos entre os atores Leila Hatami e Peyman Moaadi, nota-se o que vem por diante: um filme que prende o espectador até o final.  Farhadi  escolheu o elenco perfeitamente desde a personagem da pequena Kimia Hosseini - que vive a filha  de Razieh, até mesmo a atuação de Ali-Asghar Shahbazi. Os atores Peyman Moaadi e Shahab  Hosseini já haviam trabalhado com o diretor em "Procurando Elly" e Leila Hatami é filha de um dos grandes diretores iranianos: Ali Hatami. "A Separação" é um filme que se faz necessário assistir por inúmeros motivos. E há apenas um motivo de não vê-lo: quem não gosta de um bom cinema.



FICHA TÉCNICA
Diretor: Asghar Farhadi
Elenco: Leila Hatami, Peyman Moaadi, Shahab Hosseini, Sareh Bayat, Sarina Farhadi, Babak Karimi, Ali-Asghar Shahbazi, Shirin Yazdanbakhsh, Kimia Hosseini, Merila Zarei ED Hayedeh Safiyari
Produção: Asghar Farhadi
Roteiro: Asghar Farhadi
Fotografia: Mahmoud Kalari
Duração: 110 min.
Ano: 2011
País: Irã
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Imovision
Estúdio: Asghar Farhadi
Classificação: 12 anos


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Calçadas novas para Porto Alegre

Quem caminha pelas ruas da capital dos gaúchos já notou o campo de obras nas calçadas da cidade. A cada 100 metros encontram-se reformas ou "tapa-buracos" das mais diversas cores e materiais. Com as obras em andamento está faltando pedreiro no mercado. A demanda é muita. As calçadas da cidade são um desafio para os transeuntes, principlamente mulheres. Uma vez que nossos belos sapatos de salto não aguentam os buracos e desníveis.

Todo esse "movimento" é reflexo da campanha Minha Calçada, da Prefeitura de Porto Alegre, que apertou o cerco aos passeios públicos com problemas. Em dezembro, 5 mil prédios dos bairros Centro Histórico e Cidade Baixa foram notificados a realizar reparos sob pena de receber uma multa de R$ 461. A chegada da notificação a 40 mil proprietários que vivem ou alugam esses imóveis gerou uma corrida em busca de profissionais. 



No Centro e na Cidade Baixa, os dois primeiros bairros abrangidos pela campanha, virou rotina observar o trabalho de pedreiros em quase todas as vias. A maioria dos proprietários opta por reparos simples ( o que é um problema ao meu ver, já que apenas" tapa" o que está errado). Todavia, outra parte prefere a substituição completa do passeio. 

É claro que nós esperamos que o trabalho deste profissionais seja satisfatório tanto para que os contrataram quanto para nós de utilizamos as calçadas diariamente. Vale a pena, também, notar as calçadas que a Prefeitura é responsável...Esperemos que a Administração municipal também faça sua parte...