terça-feira, 27 de julho de 2010

25 de julho de 2010.


     Domingo chovia e fazia frio em Porto Alegre. Algo que nós, Porto Alegrenses, já estamos acostumados. Entretanto, não era mais um domingo de chuva e frio. Dia 25 de julho de 2010 significou muito pra mim, foi uma noite inesquecível. Tudo isso por um simples motivo: fui ao show do Jorge Drexler! Não apenas um show. Foi " O Show". Com direito a banda e tudo!

     Drexler está cada vez melhor. Em presença de palco, sonoridade, letras. "Amar la trama" realmente, é um marco, divisor de aguas de duas distintas fases da vida do cantautor. Ele saiu de uma melancolia para engrenar numa fase mais alegre, positiva.

     Entretanto, em um pouco mais de duas horas de show, pode-se ver e ouvir as mil e uma faces de Drexler no palco. Com um repertório que ia de canções do ínício de sua carreira a uma homenagem a Zitarrosa.
Ele nos presentiou com canções como " Aquellos Tiempos", "Transporte", "Sea", " Se va, se va, se fue", "Mundo Abissal" e até mesmo uma canja de "Let it Be" dos Beatles.

     Porto Alegre mais uma vez foi presentiada com esse espetáculo. Dou graças por morar aqui, pensando que veio gente do nordeste só pra vê-lo. Mas pra isso não tem preço. Quem é fã atravessa o país para ver seu ídolo. Eu ainda bem que não precisei. De tantos problemas que esta grande província possui, a cultura é ainda um ponto favorável a nós. Não precisamos ir atrás do que gostamos, a cultura vem até nós. O Festival de Inverno é um projeto de suma importância para a cidade. Ótimas atrações a preços mais atrativos ainda. Ver Drexler a R$ 30,00 é até piada em comparação ao preço do mesmo show que ele realizou em Florianópolis, por exemplo, a mais de R$ 100,00.

Quando eu o abracei e falei ao seu ouvido após o show: "Gracias Drexler, por existir". E ele com um largo sorriso, me beijou e respondeu: "No, gracias por ti existir, linda." Essas duas frases se completam.

O artista não vive sem seus fãs.

Um povo não deve viver sem cultura.

E eu, óbvio, não consigo viver sem sua voz suave e suas letras profundas.

Não só eu, mas Porto Alegre, Madri, Montevídéu, Buenos Aires...agradecem por Drexler existir.

E Porto Alegre, esta pequena grande província ao sul do Brasil, me deixa a cada dia mais nostalgica culturalmente. Deve ser por causa de seu frio...da não presença de seus cinemas de rua...do seu vazio cultural nas segundas-feiras. O show de Drexler me deixou assim..."Ir por ahí como en un film de éric rohmer...Sin esperar que algo pase".


quarta-feira, 14 de julho de 2010


Não diga tudo o que sabes
Não faças tudo o que podes
Não acredite em tudo que ouves
Não gaste tudo o que tens

Porque:

Quem diz tudo o que sabe,
Quem faz tudo o que pode,
Quem acredita em tudo o que ouve,
Quem gasta tudo o que tem;

Muitas vezes diz o que não convém,
Faz o que não deve,
Julga o que não vê,
Gasta o que não pode.


Proverbio arábe




A música para os povos

Distintas escavações arqueológicas foram descobertas nas quais foram mostram pinturas, gravuras e esculturas que apresentam imagens de músicos, instrumentos e dançarinos. Em 3000 a.C. no continente asiático a música se desenvolveu com expressividade na cultura da civilização chinesa. Os chineses nesta época viam a música como algo mágico, celestial. Na pré-história o ser humano produzia uma forma de música que lhe era essencial, uma vez que era na arte que o ser humano encontrava campo fértil para projetar seus desejos, medos, e outras percepções que fugiam de sua razão.

As primeiras civilizações surgiram na região do Oriente Médio, ou mais especificamente na Mesopotâmia. Não é muito o que se conhece a respeito da música dos povos que viveram na região.


Existem pinturas com cenas de músicos tocando harpa. Há relatos de Heródoto sobre a música de povos como os assírios – para este povo a música exercia papel importante nos ritos e em festejos, por exemplo.

Pode-se ver que por meio da pintura diversos instrumentos eram usados por esses povos, já divididos entre instrumentos de sopro, corda e também percussão, entre eles: flautas, tambores, lira, harpa e a cítara.

O povo sumério influenciou culturas como a babilônica e a judaica, por exemplo, que mais tarde se instalariam naquela região da Mesopotâmia. Houve um povo também, que deixou um legado de sua cultura musical: os assírios. Estes retrararam em pinturas e esculturas a música e seus instrumentos, uma vez que a música era associada ao poder, havendo um certo reverenciamento aos músicos da época, até porque, quando algum povo era conquistado os músicos eram levados para Assíria para que sua sapiencia sobre a música pudesse ser aprendida pelos assírios.

Já a cultura egípcia, por entre o ano 4.000 a.C., alcançou um nível elevado no que diz respeito a música, já que a agricultura era extremamente importante ao povo. Os egípcios tinham por costume louvar aos seus deuses em cerimônias religiosas, para agradecer a boa colheita, em grandes festas, cujas pinturas retratam pessoas cantando, dançando, tocando harpas, instrumentos de percussão e flautas. No Egito, diz-se que poder militar usava instrumentos musicais nas comemorações.

Os hebreus também faziam música, conforme relatos. Na Bíblia Sagrada, há letras de canções e cânticos hebraicos, como os Salmos, alguns instrumentos musicais são referidos em diversos versos, como a harpa. A música para este povo era muito em consagração a Deus.

Para o filósofo e matemático Pitágoras, a Música e a Matemática que vivem em harmonia, teriam a capacidade de possuírem os mistérios do mundo. Isto quer dizer, o universo era uma grande filarmônica (acredita-se que por isso que a música e a dança possuíam um papel importante nos cultos religiosos feitos aos deuses do Olimpo) predominando liras e instrumentos de sopro como a flauta. Reproduzindo teorias e técnicas musicais da civilização grega, os romanos também possuíam uma efervescente cultura musical, como a composição de letras enaltecendo seu poderio militar, utilizando instrumentos de percussão, como tambores e pratos. São os inventores da tuba, instrumento de sopro. Havia na Grécia festivais de música e dança em homenagem a Apolo e Dionísio. Os gregos consideravam a música como a arte mais importante para educar as pessoas. A música esteve presente nas cerimônias religiosas, nas manifestações de massa, poesia e teatro. Assim a música era parte integrante da formação humana e de seu caráter. Eles acreditavam que cada melodia e instrumento poderia influenciar a formação do caráter.

A Idade Média, a dita “Idade das Trevas”, foi marcada por um forte caráter religioso, sendo a igreja católica o epicentro das doutrinas ideológicas no âmbito cultural, social e político. Desta maneira até mesmo na produção musical, a Igreja ditada às regras. Aqui o canto gregoriano torna-se famoso. O canto gregoriano foi criado antes do nascimento de Jesus Cristo, pois ele era cantado nas sinagogas e países do Oriente Médio. Por volta do século IX desenvolve-se o chamado “Organum”.
No século XIV, o renascimento surge com fervor. Com o humanismo; o cientificismo, a valorização da cultura greco-romana em voga, a música deveria ser universal, conforme pensavam os compositores da época. Havia um encantamento pela sonoridade polifônica, pela possibilidade de variação melódica. Instrumentos são inventados como a flauta doce, o cravo, a viola e o violino.

Foram encontrados em diversos sítios arqueológicos desenhos de pessoas dançando em volta de tambores. Muitos objetos musicais também foram encontrados como toras de árvore fossilizadas, possivelmente usadas como tambores primitivos, e diversas versões de litofones, rochas de diversos tamanhos que eram dispostas sobre um tronco ou buraco no chão, usadas para produzir música melódica por percussão.

SISTRO

Produzido geralmente em bronze e madeira, por volta de 2.500 antes de Cristo o sistro já era tocado em terras súmerias, é uma espécie de chocalho. O instrumento já existia na Suméria do ano 2500 a.C. Seu formato mais comum era a de um cabo com um arco, onde se colocavam pequenas barras com discos de metal que quando agitadas produziam o som. No Egito dos tempos faraônicos quem o tocava eram mulheres nobres e sacerdotizas em rituais a deusa Isis, por exemplo. Foi um instrumento comum, também, aos romanos, quando tiveram contato com os egípcios. Na tumba do faraó Tutankhamon, foram encontrados diferentes Sistros, compostos por címbalos de bronze bastante rústicos.

LIRA

Várias são as histórias a respeito da origem deste instrumento musical, a lira. Há uma lenda que conta que Apolo caminhava por uma praia, quando deu com o pé no casco de uma tartaruga que estava com as tripas secas e esticadas. Apolo percebeu, então, que fazendo vibrar as tripas, produzia-se som, originando assim a lira grega. Já na segunda lenda relata que Apolo amarrou algumas cordas de tripa aos chifres de um boi e, desta forma, deu origem à lira. E a última história trata de um dia de caça de Apolo com sua irmã Diana: ele notou que toda vez que sua irmã atirava com seu arco, a flecha ao ser solta, produzia sons. Desta maneira, o Deus Apolo pensou em fazer um instrumento de corda. Seu filho, Orfeu que era o Deus da Música, conforme a mitologia grega, ao tocar sua lira, conseguia encantar até mesmo os animais.
Há outro relato de sua invenção, atribuído ao Deus Hermes. Foi um instrumento que teve grande apreço entre os gregos na antiguidade. Era feita de uma placa de som – feita de casco de tartaruga), à qual era presa por parafusos (feitos de madeira ou osso de chifre) e cordas que corriam sobre de uma ponta a outra da base da caixa. O estudioso Jose Castejón fala que há certa dificuldade em interpretar ou traduzir textos e vocabulários utilizados por diferentes autores no que diz respeito ao nome dado aos instrumentos musicais, já que muitas vezes acontece que, para designar um único instrumento, os escritores utilizam termos diferentes. O exemplo que Catejón nos dá é do nome da lira no Hino Homérico a Hermes IV: Homero usa três formas para se referir a lira: Fórminx, Chelys e lyra.

VIOLÃO

O violão é um instrumento derivado do alaúde árabe, levado pelos mulçumanos para a península Ibérica e adaptando-se muito bem as atividades da corte. Placas de barro com figuras seminuas tocando um instrumento muito semelhante ao violão contemporâneo (1900-1800 a.C), na antiga Babilônia. Se difundiu por países, como a Espanha e Portugal com a invasão moura na região e até hoje faz parte do que se chama de música espanhola, como sendo o principal acompanhamento da dança flamenca e da música portuguesa com seu triste fado.

CÍTARA

Originário da Assíria. Este foi o instrumento mais utilizado pelos músicos da China. A cítara é um instrumento que possui uma série de cordas esticadas dentro ou sobre uma caixa de ressonância feita quase que exclusivamente de madeira. Existem versões que só têm cordas livres, e versões em que algumas cordas estão esticadas sobre uma manga com trastos. Como vários outros instrumentos de corda, existe em versões acústicas e eléctricas.

HARPA

De origem suméria, este, talvez, seja um dos instrumentos mais retratados em pinturas achadas por arqueólogos. No túmulo de uma das rainhas deste povo, Schab-ad, achou-se um instrumento parecido com uma harpa, datado de 3000 a.C. As harpas são diferentes da lira e cítara devido ao seu formato triangular e
pelo comprimento desigual das cordas.

FLAUTA

Nascida há milhares de anos, ainda na pré-história, a flauta pode ser considerada um dos instrumentos mais lindos de se ouvir, com seu som doce e apaixonado. Há escavações que encontraram flautas, no tempo do homem de Neandertal, feitas de ossos. A flauta foi usada por músicos nos tempos áureos do antigo Egito e também, por hebreus, como relatado na Bíblia. Sendo esta tocada em inúmeras ocasiões, como a maioria dos instrumentos.
No renascimento, feita de madeira, a flauta doce era tocada, principalmente sozinha, assinalada por ser fina e cilíndrica, alcançou seu clímax em metade do século XVI. Séculos após, a flauta doce foi sendo perdendo espaço para a flauta transversal, devido a sua maior sonoridade e possuir um timbre mais significativo.

VIOLINO

Com uma sonoridade inconfundível este instrumento se tornou quase que imprescindível nas orquestras. O violino surgiu no final do século XVI na Europa, tendo sua fabricação na Itália – três famílias dominavam a “arte” de fabricá-lo: Stradivarius, Amati e a família Guarneri. Apesar de que tenha se conservado quase que o mesmo por décadas, no século XIX passou a possuir, anteriormente o arco tinha uma forma côncava, sofreu uma mudança que o tornou convexa. Até hoje, o violino está entre os instrumentos favoritos.

Cada som tocado em uma música tem seu timbre característico, cada nota tocada tem sua particularidade. Definido da forma mais singela o timbre é a identidade sonora de uma voz ou instrumento musical. Já se sabe que para o homem na pré-história a música possuia um caráter religioso, mágico, ritualístico, sendo feita em agradecimento aos deuses ou buscando sua proteção para a caça ou para guerra. No mesmo período os homens passaram a bater na madeira, produzindo um som ritmado, surgindo assim o primeiro instrumento de percussão. A música sempre esteve presente na história da humanidade. Sofreu inúmeras transformações até hoje, atravessou terras, mares, se misturou a novos ritmos, instrumentos foram aperceiçoados, porém, a música nunca deixou e deixará de ser a “musa das artes”.