sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nova Ponte sobre o Guaíba

Até a década de 50, a travessia do lago Guaíba, que separa Porto Alegre da região sul do Rio Grande do Sul, era feita por meio de pequenas barcas. As embarcações partiam da Vila Assunção, na zona sul da capital gaúcha, levando até o município de Guaíba cerca de 600 veículos e mais de mil pessoas por dia. Cada viagem demorava pelo menos 20 minutos, e as operações de embarque e desembarque tomavam outros 40 minutos.


A partir de 1953, as barcas já davam sinais de saturação, e começou a ser discutida uma alternativa ao sistema. Entre as possibilidades estavam uma ponte a partir da Vila Assunção, uma ponte ou túnel saindo da Ponta da Cadeia (na Usina do Gasômetro, região central da capital) e uma ponte que aproveitasse as ilhas do Guaíba - sendo esta a proposta vencedora.
O projeto foi elaborado na Alemanha, em 1954, e, após cerca de três anos de trabalho de mais de 3,5 mil operários, a Ponte do Guaíba foi inaugurada no dia 28 de dezembro de 1958, sendo a primeira das quatro pontes que compõem a Travessia Régis Bittencourt. Em 1962, o então governador gaúcho Leonel Brizola rebatizou o trecho como Travessia Getúlio Vargas.
Um dos principais cartões-postais de Porto Alegre, a Ponte do Guaíba tem como característica principal um vão móvel de 58 m de extensão e 400 t de peso, que é erguido a 33,5 m acima do nível do lago, permitindo a passagem de navios de grande porte. Trata-se da maior obra de engenharia feita no País até então, sendo a primeira ponte do Brasil a ser realizada em concreto protendido. Ao contrário do concreto armado, que usava ferros, a técnica inovadora utiliza aços especiais que comprimem o concreto, permitindo vãos maiores.


Ao todo, a Ponte do Guaíba tem 1,1 km de extensão, contando com duas faixas de rolagem em cada sentido, sem acostamento. Pela obra passa a rodovia BR-116, ligando a região sul do Estado à capital gaúcha, por onde circulam aproximadamente 40 mil veículos por dia. Cada operação de içamento do vão móvel leva, em média, de 20 a 25 minutos.
Além da Ponte do Guaíba, compõem a Travessia Régis Bittencourt as pontes Canal Furado Grande, Saco da Alemoa e a ponte sobre o rio Jacuí, todas entre os municípios de Porto Alegre e Eldorado do Sul.
Apesar de representar um marco da engenharia brasileira quando foi construída, a Ponte do Guaíba e seu vão móvel são alguns dos principais 'gargalos' de logística na produção industrial do Estado. Ao longo dos últimos 53 anos, com o crescimento do movimento de navios que abastecem o Polo Petroquímico de Triunfo, na região metropolitana de Porto Alegre, aumentou também a frequência com que o vão móvel é içado.


Segundo Luiz Domingues, vice-presidente do Movimento Ponte do Guaíba, atualmente o vão móvel apresenta uma média de 4 a 5 içamentos por dia. A paralisação da rodovia por pelo menos 20 minutos a cada manobra, aliada a seguidas interdições da ponte por mau funcionamento do sistema de içamento, causa grandes congestionamentos na região, limitando o escoamento da produção local.

Ponte nova

Após anos de articulação política de representantes de municípios da região metropolitana de Porto Alegre e da região sul do Estado, a presidente Dilma Rousseff anunciou, no dia 13 de dezembro de 2011, a construção de uma segunda ponte no lago Guaíba. A obra, orçada em R$ 900 milhões, será custeada totalmente com recursos públicos, sem a construção de uma nova praça de pedágio. A previsão do governo é de que a nova travessia seja concluída até 2016.
Saindo da rua Dona Teodora, a cerca de 1 km da atual Ponte do Guaíba, a nova ponte se estenderá por 1,9 km, em um complexo viário de 8 km. Cada sentido da via terá duas pistas e uma faixa de segurança e acostamento, havendo a possibilidade de construção de uma terceira pista no futuro.
A nova ponte terá um vão livre de 36 m de altura, projetado com base na maior cheia já registrada no Guaíba, que vai permitir que as embarcações transitem sem necessidade de paralisar o trânsito, como ocorre com a ponte atual.