quinta-feira, 26 de junho de 2014

Cerco de Ma'arat al-Numaan

Ma'arat al-Numaan é uma pequena cidade no noroeste da Síria e entrou para História no ano de 1098, por causa do massacre que ocorreu em seu território durante a Primeira Cruzada, conhecido como Cerco de Ma'arat al-Numaan. 


De acordo com historiadores, cristãos invadiram a cidade e renderam toda a população (os números não são certos, mas acredita-se que 20 a 100 mil pessoas morreram entre muçulmanos, judeus e cristãos ortodoxos). A cidade era composta de uma milícia urbana e por cidadãos que nunca haviam estado numa guerra. Durante duas semanas, eles foram capazes de segurar os cruzados da invasão graças aos altos muros que rodeavam a cidade. Eles, então, construiram um torre alta suficiente para os arqueiros atirarem na cidade. Usando esta torre os cristãos conseguiram passar sobre os muros da cidade fortificada em 11 de dezembro de 1908. Com isso, muçulmanos começaram a se retirar da cidade. O mandado era dormir a noite e retomar a ocupação pela manhã. Ignorando o acordo, alguns cruzados invadiram e saquearam a cidade. Na manhã seguinte, os dois lados negociaram e os cruzados, liderados por Boemundo de Taranto, prometeu um acordo entre as duas partes. Assim os muçulmanos se renderam, porém os cruzados começaram imediatamente a massacrar os moradores. Boemundo tomou o controle das muralhas e torres. E Raimundo IV de Toulouse controlou o interior da cidade.


Os meses frios do inverno do Oriente Médio e o cansaço com a disputa política entre Boemundo e Raimundo IV, levou os soldados cristãos a fome extrema. Segundo relatos dos viajantes, os cristãos cruzados começaram a comer os muçulmanos, fervendo e grelhando os cadáveres antes de devorá-los. Em uma carta ao Papa Urano II, um dos cruzados, Radolph de Caen escreveu: "Em Ma'aarra, nossas tropas estão fervendo os pagãos adultos vivos em caldeirões. As crianças estão sendo empaladas, postas em espetos e sendo grelhadas". Outro cronista das Cruzadas, Fulcher de Chartres, escreveu: "Eu tremo só de dizer que muitos de nossos povos, assediado pela loucura da fome excessiva, cortam pedaços das nádegas dos sarracenos já mortos e cozinham, mas quando não é o suficiente assar, eles comem como selvagens". Este ponto de vista ficou expresso na crônica de Alberto de Aquisgrão que escreveu: "os cristãos comeram não apenas os turcos ou sarracenos mortos, mas até mesmo cães".

Hoje a cidade deMa'arat al-Numaan ainda vive com a lembrança dos mortos no Cerco, há um mosaico em homenagem as vitimas para jamais esquecer deles. O horror do cerco de Ma'arat al-Numaan é um dos tantos episódios marcantes na memória muçulmana e do Oriente Médio. Estes eventos tiveram um forte impacto nos habitantes do Médio Oriente durante todas as Cruzadas. Os cruzados agravaram ainda mais a sua reputação de crueldade, canibalismo e barbárie. Séculos mais tarde, continuariam a ser descritos como fanáticos e canibais na literatura árabe.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Mar Morto

Um dos lugares mais impressionantes que já visitei até agora foi o Mar Morto. O Mar que na verdade é um Lago ( o que me faz lembrar o debate do que seria o Guaíba em Porto Alegre) é impressionante. A estrada que leva ao Mar Morto, a rodovia 65, é linda. É quase que impossível não prestar atenção ao redor, cheio de montanhas e paisagens que mais parecem lunares. De repente ao lado direito, para quem segue para Aqaba, surge em um penhasco um mar azul brilhante. Por mais que suas águas estejam secando, ele parece gigante diante de nós. São águas hipnotizantes.


Ao chegar perto, sente-se um cheiro diferente, não é aquele cheiro típico de mar, é algo inexplicável, talvez seja pelos altos índices de cálcio, magnésio e potássio. Ao se tocar a água, ela é norma e de tão cristalina, dá para ver as pegadas deixadas como se fossem petrificar no fundo lamacento. 

O Mar atualmente está com uma extensão de mais ou menos 60 km. E a rodovia 65 segue seu percurso até o final do Mar. Em várias partes dá pra se notar umas espécies de piscinas ou grandes buracos (chamados de Bolaines) que são de água doce! Sim. Como o mundo está sabendo, as águas do Rio Jordão estão secando e é ele que abastece o Mar Morto. Com isso, o Mar, a cada dia, recebe menos água, o que forma estes buracos. Dizem especialistas que são águas de um rio subterrâneo descoberto pelos judeus há alguns anos atrás.


O mais incrível do Mar Morto são as histórias que ao longo dos milênios ocorreram por estas bandas, principalmente as histórias de cunho religioso como a separação dos filhos de Abraão, Ismael e Isaque, iniciando a criação das duas grandes nações (árabes e judeus) ou aquele episódio em que Jesus foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias e quarenta noites. Mas nenhuma ganha tanto destaque como a de Sodoma e Gomorra que estavam localizadas aqui e acredita-se que estão submersas pelas águas do Mar e a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto.