quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ética e novas tecnologias

O processo de desenvolvimento da tecnologia e da informação na sociedade contemporânea é notável. Diariamente temos notícias de novos produtos mais práticos de se usar e mais modernos. A tecnologia surgiu do trabalho do homem, do seu esforço de facilitar a sua vida tornando o seu trabalho menos árduo. A sociedade se preocupa com a ciência, com a tecnologia e reúne conceitos a respeito do valor destas para a vida dos indivíduos, noutros termos, aplica-se à ética.
Na medida em que os indivíduos refletem e amadurecem questões sobre a responsabilidade moral e política do homem em relação ao próprio homem, novas responsabilidades ao nível de outros indivíduos solidificam-se, assim como a responsabilidade dos profissionais que operam com tecnologia da informação.
A questão relativa à ética na tecnologia parece ser uma conseqüência da falta de difusão da ética como uma prática comum na vida dos indivíduos. Os valores da sociedade competitiva, calcada em resultados parecem insinuar uma constante necessidade de superação, valorizando a diversidade da busca e vendo limitações como um problema. É possível dizer que a ética é de certa forma uma limitação. Vista dessa forma, como um limite em si, ela se torna um problema. A questão que nos é colocada é justamente a de escolher coletivamente quais os traços delimitadores da ética, e essa escolha é essencial para determinar os rumos da nossa sociedade.
Paparazzo, palavra de origem italiana, serve para designar os repórteres que fotografam pessoas famosas sem autorização, expondo em público as atividades que elas fazem em seu cotidiano. O  paparazzo, na maioria das vezes, é um repórter fotográfico bastante indiscreto e por isso, freqüentemente, torna-se alvo da fúria dos famosos que são flagrados seja fazendo algo comum, seja fazendo alguma coisa que não queiram que se torne pública. Quando conseguem as fotografias os paparazzi (em plural) as vendem a imprensa por valores que variam em função da fama da celebridade e da situação na qual foi flagrada.
Os paparazzi parecem ser o produto da obsessão da sociedade contemporânea de espionar a vida das celebridades. Isso nos leva as seguintes questões: de que forma os paparazzi conseguem as fotos? Como e para quem as vendem?  Existem leis para impedir isso? Desta forma, propõem-se a analisar essas propostas bem, como descortinar como as celebridades se defendem, e como a evolução da tecnologia auxilia no trabalho desses repórteres-fotógrafos.
Algumas celebridades engendram verdadeiras táticas antipaparazzi: óculos, peruca, boné (para não serem reconhecidas), seguranças e informações falsas à imprensa sobre o paradeiro real da estrela. Na maior parte das vezes, os paparazzi esperam por uma chance para fotografar uma celebridade  em locais públicos, uma vez que podem fazê-lo sem mais problemas.  Todavia, para se ganhar dinheiro nessa profissão, isso não é suficiente. Os paparazzi devem  estar no lugar certo na hora certa.
 O trabalho do  paparazzo pode ser comparado ao trabalho de um detetive. Ele na maioria das vezes não trabalha só, possui pessoas que lhe informam onde e quando estará uma celebridade. Os informantes podem ser pessoas ligadas à celebridade ou não.  Vale ressalvar que o  paparazzo paga pelas informações obtidas. Existem distintas táticas que um profissional pode usar para obter as fotos. O paparazzo deve conseguir a foto antes dos outros. As fotos podem valer até milhões, depende da fama da pessoa fotografada e da situação, que se esta for constrangedora então, melhor ainda para o paparazzo. Contudo, este é um trabalho penoso, são poucos os profissionais que conseguem ganhar muito dinheiro com isso. Um  paparazzo  bem-sucedido possui uma equipe de trabalho, pessoas que operam como agentes em prol de negociar as fotos para que ele se concentre exclusivamente em fotografar. A “espionagem” de celebridades no Brasil é  modesta se comparada à Espanha, na qual a indústria de fofocas (conhecida como “prensa del corazón”) consegue sustentam muitos paparazzi, já que as estrelas que freqüentam as praias do país são conhecidas internacionalmente. Na Espanha existem sete revistas semanais de fotos de estrelas e fofocas, que no total chegam a vender sete milhões de exemplares. No Brasil, um dos mais antigos paparazzi é o carioca Carlos Sadicoff. Ele começou sua carreira de fotógrafo de celebridades em meados da nos anos80, e tem em seu currículo fotos reproduzidas em jornais do exterior, particularmente os tablóides ingleses The Sun" e "Daily Mirror”. Contudo, o estouro da indústria de paparazzi no Brasil é recente, tem pouco mais de cinco anos, quando os fotógrafos começaram a ser contratados exclusivamente para flagra celebridades. Muitos deles são fotógrafos free-lance que trabalham para alguma revista de fofoca. Apesar de jovem, a indústria nacional já possui seus feitos.
A cada ano que passa, a tecnologia está mais avançada. São televisões de plasma, Ipods, dvd’s, e também está ao alcance da população as câmeras digitais. Os paparazzi, é claro, beneficiaram-se  com a evolução digital. As câmeras digitais de alta resolução e cada vez menores facilitam o trabalho deles, ficou mais fácil de escondê-las e vendê-las e também se economiza dinheiro com filmes. Os celulares com câmera são outra arma na mão desses profissionais. Com eles, os paparazzi entram em festas e casamentos nos quais portar câmeras é proibido. As câmeras de vídeo sem fio são outra arma usada pelo paparazzo. As minúsculas câmeras têm transmissores potentes que permitem a transmissão de vídeos digitais de alta qualidade para os receptores.
O funcionamento das atuais câmeras digitais que estão no mercado, são semelhantes ao funcionamento das câmeras comuns, as que utilizam filme. Um sistema, em alguns casos idêntico aos das câmeras comuns, se encarrega de capturar e focalizar a imagem em um anteparo sensível a luz, onde a imagem pode ser armazenada para a posteridade. A diferença reside exatamente na armazenagem. No caso da foto comum, a armazenagem se dá em um filme que altera sua química em função da exposição à luz.  No caso da fotografia digital, existe um dispositivo eletrônico, conhecido como ’’Charge-Coupled Device’’, ou simplesmente: CCD, que transforma as intensidades de luz que insidem sobre ele em valores digitais armazenáveis na forma de Bits e Bytes.
Novos recursos estão sendo lançados acerca da tecnologia de câmeras digitais. Tais como: câmeras com resolução de até 8,3 mega pixels, câmeras que tiram fotos sem a necessidade de flash ou como no Japão, cientistas desenvolveram uma câmera ultrafina que pode determinar a distância entre os objetos em foco, além de identificar características de cor e estrutura desses itens registrados.
Com essas funções, o equipamento é capaz de reconhecer os objetos focalizados e também de recriar cenas em 3D. Recursos estes que tentam os consumidores a comprar o que há de mais novo no mercado tecnológico. Assim como os celulares que de meros aparelhos para a comunicação em fio, tornaram-se multiuso. Um dos últimos aparelhos lançados no mercado é um celular com câmera digital de 5 megapixels de qualidade. O modelo traz um cartão de memória de 512 Mb para armazenamento de imagens e vídeos, com capacidade de expansão de memória, radio FM, tecnologia Bluetooth, captura de áudio e vídeo, suporte para e mail, infravermelho, tela de cristal a prova a arranhões e etc.
Com o progresso da tecnologia e a globalização conectando fronteiras, somos induzidos a meditar a respeito do fenômeno da informação instantânea em especial em relação às fotografias tiradas pelos paparazzi. Nesse argumento, é necessário olhar para a legislação que conduz o direito de imagem, o que não é algo novo, porém fundamental na demarcação do que é público/privado. Os artistas antes de serem famosos almejam ter os seus quinze minutos de fama, mas algumas, ao que parece, depois que provam o sucesso, querem mais é ter os seus quinze minutos de anonimato. Como ficam, nesse caso, os profissionais da área da fotografia, que dependem da imagem e da informação para realizar o seu trabalho?
A Constituição do Brasil de 1988 assegura o Direito de Imagem, o qual se garantiu em virtude da jurisprudência uma vez que foi levada em conta o rápida expansão tecnológica dos meios de comunicação no país. Sabe-se que para finalidade publicitária é preciso que a celebridade autorize o uso da sua  imagem. A lei garante à imprensa liberdade de informação, sem que seja necessária uma autorização formal para uso de imagem. É exatamente aqui que os veículos de comunicação, jornais, revistas, televisão, podem ser encaixados, já que o uso da imagem é informativo. É bem diferente se o famoso é fotografado dentro da sua casa, por um paparazzo de plantão na rua, aí certamente este terá problemas por invadir a privacidade alheia. O paparazzo não pode expor essa foto ou vídeo em seu site pessoal, por exemplo, se neste contiverem fotos comerciais, mas pode exibi-las desde que seja para divulgar o seu trabalho.
Existem estatutos específicos que protegem o direito de imagem de índios, crianças  e idosos. Se uma foto publicada prejudica alguém, induz a distorção da realidade levando o indivíduo ao constrangimento e denegrindo a sua imagem, essa pessoa tem o direito de questionar juridicamente o autor da foto, mesmo que essa tenha sido tirada em local público. A relação entre o paparazzo e celebridades não é das mais amigáveis. Inúmeros são os casos de artistas que agridem os fotógrafos. Muitos casos vão parar nas delegacias gerando o maior escândalo.
A tecnologia está ao alcance  de quase todas as pessoas. E sendo assim, qualquer um pode ser tornar um paparazzo, basta ter em mãos um celular. Uma prova disso, é uma propaganda vinculada há algum tempo atrás nos meios de comunicação, no qual mostra um paparazzo entrando numa festa privada portando um celular com câmera, depois de revistado pelos seguranças. O paparazzo permanece durante a festa fingindo estar falando ao celular e, assim, consegue fotografar o beijo de um casal de celebridades que se pretendia anônimo. Ao perceberem, o casal aciona os seguranças, que correm para tomar o aparelho, sem sucesso, pois o paparazzo já havia conseguido enviar a foto através de uma conexão com a Internet que o celular possuía. A foto do casal se beijando é estampada na edição de uma revista logo em seguida. Aqui pode-se pensar na questão da privacidade individual, que por mais que não queiramos, está entrelaçada com os avanços tecnológicos, como o aparecimento das câmeras fotográficas, os equipamentos de gravação, com as câmeras de vídeo, computadores e etc, que tornaram a informação pessoal disponível através do mundo. Todos esses inventos possibilitam observar momentos pessoais, armazenar fatos, coletar informações, etc. Os celulares com câmera ajudam os paparazzi a entrarem com equipamento em eventos onde as câmeras não são permitidas. Como os celulares com câmera estão se tornando cada vez mais populares, certos lugares podem ter de adotar uma política de "proibição de telefones" para frear as fotos não autorizadas.
Entretanto, não se pode dizer que é a tecnologia em si que ameaça a privacidade das pessoas, e sim, as pessoas que usam a tecnologia para invadir a privacidade alheia. Como o comercial mostra, o celular com câmera possui inúmeros fins, além de fazer ligações, fazendo com isso, que seu usuário interfira na privacidade de outras pessoas. Por este viés, pensa-se que o uso irrestrito da tecnologia pode eliminar a privacidade.

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