quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quanto vale o teu diploma?

Janeiro de 2005, um verão escaldante no paralelo 30° e recebo uma das notícias mais esperadas de toda a minha vida: passei na UFRGS!!!
 Todo o esforço, não que tenha sido muito, mas foi um esforço considerável, estava ali, diante dos meus olhos, quando me deparei com o meu nome na tela do computador junto a tantos outros. Um ano antes, não sabia p'ra que faria vestibular. Com todo meu amor por cinema, pensei em fazer publicidade, porém, sabia que o mercado publicitário estava saturado. Pensei em geografia, por ser a matéria que mais gostava na Escola, mas não...Meu pai queria que eu fosse médica. Eu nunca poderia ser médica. NUNCA! Um dia lendo um livro de profissões, me deparei com uma que me chamou muito a atenção: Ciências Sociais. Eu, como sempre tive um lado meio revolucionário desde pequena, achei aquela profissão muito interessante. Decidi prestar vestibular para Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na PUCRS, passei na PUCRS, em 3° lugar. Mas quando vi o preço da matrícula e das mensalidades e que aquela quantia deveria ser paga mensalmente, eu decidi passar na UFRGS. E passei! Quando se tem 19 anos não se sabe muito bem das coisas, tudo acaba sendo novo. Eu havia saído de um Colégio Público, com um ensino medíocre e não tinha condições de passar na Federal sem ter de prestar um cursinho. Bem, devo ter deixado uns 2.500 reais no cursinho em um ano de estudo. Entretanto, valeu a pena. Porque eu pensei: " Poxa, eu estudei a minha vida toda em Colégio Público e agora que quero fazer uma faculdade terei de pagar? Não". E foi assim que eu cheguei na UFRGS, uma das melhores Universidades do Brasil.
Encantada com o curso que passei. Meu objetivo era mudar o mundo. Que idealista! Mudar o mundo...
Pois bem, o tempo foi passando, meu modo de visão de mundo foi mudando, eu já não era mais aquela menininha de 19 anos idealista e metida a revolucionária. Toda vez que me perguntavam o que faria sempre vinha a pergunta: "Que legal" Mas dá dinheiro?". Minha resposta sempre foi a mesma:" Qualquer profissão pode dar ou não dinheiro, depende do bom profissional que você é". O tempo passou, me especializei na área de que eu queria, estudei inglês, espanhol, francês, trabalhei manhã, tarde, noite, fim de semana, Natal, Ano Novo, mas sempre com a ideia na cabeça de que todo o esforço que fazemos em nossa vida, um dia iremos colher bons frutos.
Cinco anos se passaram, e num dia de verão escaldante no paralelo 30° me formei na UFRGS. A menininha de 19 anos que outrora tinha visto seu nome numa lista de aprovados no vestibular, era outra. Outro pensamento, outros ideiais. Em cinco anos estudei Marx, Weber, Maquiavel, Foucault, Montesquieu, Hobbes, Niestzsche, Bourdieu, Levi-Strauss, Mills, Mauss, Ianni, Faoro...Desigualdade, Sociedade, Corpo, Xamanismo, Política, Formas de Governo, Identidade, Desemprego. O Desemprego. Este último é o objetivo deste texto. Hoje, como Cientista Social escrevo sobre este mal que assola milhares de recém formados em todo o Brasil.
Estive procurando sobre dados de desemprego no Brasil e o resultado é apavorante. No país, mais ou menos 10 % da população tem nível superior completo. Destes 10%, quase metade trabalha em atividades que estão abaixo de sua qualificação, como Atendente de Telemarketing, Secretária e Recepcionista. O mercado exige profissionais qualificados, mas por esta qualificação pagam uma miséria. Exigem experiência sem dar oportunidade para o aprendizado.
Quantos de nós não conhecemos pessoas que são formadas e não trabalham em sua área? Quantos de nossos conhecidos fizeram licenciatura com o sonho de dar aula e ajudar a mudar a realidade do Brasil e estão desempregados? Os concursos públicos são quase uma arena de gladiadores. Dezenas lutando por uma vaga, ou melhor, por estabilidade e um salário digno. Nosso esforço e nosso capital cultural e intelectual estão sendo desvalorizados por um mercado cada vez mais selvagem.
A vida é irônica, saímos de uma estatística de 10 % de brasilerios com curso superior para entrar em outra: a de 12, 6% de desempregados (F: Folha de SP 24/02/10).
Minha concepção de mundo aos 25 anos é totalmente diferente da visão de quando tinha 19. Talvez seja a idade...Conforme os anos vão passando, ficamos cada vez mais descrentes...
O erro não está em nós. O erro está na Estrutura que não nos dá alicerce para que possamos aplicar nossos conhecimentos adquiridos na Universidade de forma correta. Mas também, não se pensa de forma certa na formação básica, imagina na formação de novos profissionais. Um povo sem educação é um povo sem opinião. Nosso país cresce a cada ano, isso é inegável. Mas o Brasil não precisa somente dar emprego a pedreiros, metalúrgicos, garis. Precisa de também sociólogos, professores, engenheiros empregados e ganhando um salário digno de seu esforço intelectual. Caso contrário, o diploma só servirá para por em uma parede e continuaremos a ser o país do futebol, do carnaval e do turismo sexual, não?!

4 comentários:

  1. Ola Ju...td blz com vc?...
    Olha só...sempre vi o end do seu blog ao lado de seu nick no MSN e só hoje tirei um tempo pra ler... bom eu tenho mania de ver filme em tudo...até por que eu sou daqueles q acredita q a ficção imita a realidade...e não ao contrario como a maioria das pessoas... bom fato é que esta sua história (comentário no blog)da um belo filme que pode retratar uma realidade um tanto contraditória quanto real...que tem todos os elementos para isso... um conflito de uma ironia política, humanizada e romântica de uma menina talentosa e apaixonada... Grande beijo pra vc!!!e parabens!!!

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  2. Juliana, poderia dizer qual é o nome do livro de Profissões que leu ? Obrigado !

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  3. Não lembro, não. Braulio...hahaha

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  4. ju!!!
    LindoBlog!

    Saudadona de ti!

    Chris!

    Passa e olha omeu...bem menos crítico...^^

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